domingo, 7 de fevereiro de 2016


Por falar em graça...
Levy Bastos


Os cristãos temos nos habituado com uma linguagem própria da fé. Desde muito cedo nos acostumamos com expressões próprias de nossa religiosidade. Isso não é mau em si, mas há sempre o risco de que, com o seu uso recorrente nos esqueçamos que elas podem perder seu sentido e relevância para aqueles que estão fora do ambiente religioso. As palavras acabam, sob o risco de esgotarem seu potencial comunicativo. Perdem sua força de significação. Nestes casos tais palavras precisam ser retraduzidas para uma linguagem que seja compreensível para o mundo moderno, se é que de fato, queremos partilhar de modo autêntico e pertinente, o Evangelho de Cristo.
A palavra graça é para mim o coração do Evangelho. Nela se resume tudo o que crêem os cristãos. Com ela podemos descrever quem é Deus e como Ele se relaciona conosco. Cristo é a graça de Deus que veio ao mundo. Graça é, por isso mesmo, uma outra palavra para amor, para a misericórdia e para o perdão.
Quando me ponho a refletir com mais vagar sobre como vivemos, na forma como nos relacionamos. Quando penso nos sofrimentos e injustiças sem conta que muitos tem de enfrentar quotidianamente, concluo que a graça de Deus é, mais do que nunca, uma palavra relevante e oportuna. Uma palavra que vale a pena ser proferida. Uma palavra carregada de sentido.
A graça é, entre outras coisas, a reafirmação do amor de Deus pelas pessoas, todas as pessoas, sem distinção. A graça é a lembrança, sempre permanente, de que os seres humanos têm valor pelo que são e não pelo que possuem. Ser vale mais do que ter, bem dizia o psicanalista marxista Erich Fromm.
A graça nos desperta para o fato de que precisamos criar todos os dias, e de modo sempre renovado, uma cultura de paz, de tolerância, de perdão e de reconciliação.
Há quem fale da graça como algo irresistível, eu prefiro pensa-la como a atitude amorosamente persistente de Deus em nosso favor. Sim, pois Ele nunca se cansa de querer o nosso bem, e isto Ele o faz sempre de modo irreversível, inexplicável, imerecido e incondicional.

A graça é, sim, uma permanente boa nova para todas as pessoas, ontem, hoje e sempre. Que venham, então, tempos de graça!

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